Lúcifer olhou pra mim com um olhar de ódio, os olhos dele (que eram claros, exatamente azuis) ficaram vermelhos de ódio... Ele me agarrou pelo braço, e correndo comigo até o topo da montanha mais próxima, la de cima ele fala -Está vendo? Todo esse lugar?- (era um lugar lindo, daqueles que só vimos em filmes... Um rio que cortava as montanhas, parecia mais um paraíso, um lugar muito tranquilo...) E eu respondo -Sim claro, mas o que tem haver isto?- e ele mais enfurecido começa a gritar - Este inferno de lugar que pra você pode pareçer um paraíso, é o seu mundo, o mundo onde não existe emoção, onde o que você denomina DIVINO não está ligando a mínima para este lugar, ja que é perfeito!-Mais uma vez, fiquei confuso, como assim, um lugar perfeito? Como assim Deus não se importaria com um lugar tão lindo? Do que ele esta falando? (as dúvidas surgiam como uma chuva na minha cabeça, era um bombardeio de dúvidas sem repostas...)
Depois de Lúcifer parar de gritar nos meus ouvidos, fiquei um pouco apavorado, sem rumo, sem saber para onde ir... Ele me pega pela mão, e bem devagar descemos a montanha, ja quase anoiteçendo, o que parecia ser um "Paraíso" se torna um verdadeiro inferno... Lúcifer me leva ate uma caverna, acende uma fogueira com alguns galhos de árvores do mesmo lugar, e começa a me contar o por quê daquele lugar ser um verdadeiro inferno ...
- Você precisa saber de uma coisa- diz ele...
-Aqui aparentemente é um lugar maravilhoso, mas como você pode ver, é um lugar sombrio, frio, úmido, e cheio de mistérios... Os seres humanos que passam por aqui, costumam não sobreviver, pois sempre estão sosinhos, ou mau acompanhados...- E eu ficando um tanto quanto apavorado (pela milésima vez) pergunto - Mas o que tem nesse lugar que é tão misterioso assim?- e ele responde
-Bem, isto aqui, simboliza a sociedade, uma sociedade que aparentemente é perfeita, maravilhosa e linda, mas que assim que escureçe, ela mata, rouba, prostitui-se, leva você ao lugar mais alto do universo pra te exaltar, mas se você não alcançar o que ela te propõe, ela te derruba ate o mais profundo do inferno!- Realmente as coisas estavam começando a se encaixar... E eu mais uma vez perguntei - E a 1º porta que abri? O que significava aquilo?-
Ele com uma voz suave responde...
-O lugar escuro e úmido? Bem, aquilo é mais ou menos você antes de nascer, você era aquilo, ou melhor vivina naquilo, um lugar frio, sem atenção de ninguém, sosinho, por isso você gritou tanto, estava pedindo para nascer, para poder ter atenção e ser amado por todos e por todas...- Finalmente! Parecia que as coisas estavam tomando algum sentido. Mas algo ainda não se encaixava... E eu retorno a perguntar - Mas e após a 1º porta? O que significava aquilo?- e ele quase dormindo, ja deitado responde
- Aquilo são seus pensamentos, a medida que você muda de ideia, o chão vai desapareçendo, você tenta lutar contra eles, tenta até resolver os problemas, mas eles nunca te dão atenção, por que são mais fortes que você.- Aquilo foi como se alguém tivesse puxado meu tapete. "Poxa como alguém me conheçe tão bem? Como pode? " , parecia que Lúcifer conhecia meus pensamentos ou melhor lia todos eles 24h por dia!
Assim que a fogueira se apagou, peguei no sono, enrrolei minha camisa social e pus minha cabeça pra tentar encontrar o sono... Ja amanhecendo, o sol reluzente bem forte no meu rosto, acordo asustado, olho para o lado e Lúcifer tinha desapareçido, fiquei transtornado, sai da caverna o mais rápido que pude e vi a luz do sol mais uma vez e pensei "nossa quanta saudade eu estava de ver esta luz!" ... Peguei minha camisa e fui seguir meu caminho, encontrei a primeira trilha que estava mais próxima, encontrava-se num lugar onde parecia não ser muito estável para um homem de negócios...
Na minha mente surgiam as primeiras preocupações... "Meu deus minha casa, meu trabalho, como sair deste lugar?" Eram coisas que insistiam em não sair da minha mente...
Andei mais ou menos 10 km, com todas as preocupações na cabeça e meus pés estavam muito doloridos (caminhar com sapato social não é pra qualquer um!) ... No meio da caminhada não havia nem se quer fome, as frutas pareciam não existir, estavam todas podres mesmo sem cair da árvore. Me sentei a beira do rio, e começei a chorar de dor e de saudade da minha vida, da correria que na qual eu vivia e reclamava todo santo dia! A qual dor interna parecia tomar conta de mim, parecia ser incontrolável e ao mesmo tempo uma dor carnal dos meus pés cansados de tanto andar... A fome só aumentava, sem me alimentar, estava pálido e cansado, sem forças para subir em qualquer árvore. O dia estava começando a desapareçer, e a luz do sol estava desapareçendo, tomei coragem, e apanhei algumas uvas que estavam próximas a mim e mais uma vez caí no sono, ali mesmo...
Continua...
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